Para alguns, o espaço de Psicoterapia é um mundo novo. Para outros, já se torna mais habitual. Apesar disso, o que se passa em Psicoterapia continua a ser um mistério e uma fonte de alguns mitos. Vamos então esclarecer alguns deles.
Em primeiro lugar, Aconselhamento Psicológico e Psicoterapia podem beneficiar todas as pessoas!
Psicologia não é Psiquiatria. Um Psicólogo é um técnico superior de saúde mental e não um médico. Querendo isto dizer que o modelo médico não é o predominante nas intervenções, assim como o facto dos Psicólogos não poderem prescrever medicação. Também é a Psiquiatria a principal responsável pela avaliação e classificação de quadros mentais. É certo que apenas os Psicólogos são capacitados para proceder a uma avaliação psicológica e que, na falta de melhor, utilizamos "emprestados" critérios de diagnósticos criados pela Psiquiatria. Mas este criar rótulos não é a actividade principal de um Psicólogo. Querendo com isto dizer, não são os malucos que vão ao Psicólogo.
Aconselhamento Psicológico e Psicoterapia são meios que todas as pessoas que se deparam com dúvidas, bloqueios, indecisões, pretendem saber mais sobre si próprios ou sobre os outros, podem utilizar. Sobretudo se essas questões estejam a causar desconforto pessoal, emocional, social ou laboral.
Em segundo lugar, nem todos os Psicólogos podem realizar Psicoterapia!
Aconselhamento Psicológico é algo que está à disposição de todos aqueles que são reconhecidos profissionalmente como Psicólogos. Para que tal aconteça, o técnico terá de pertencer à Ordem dos Psicólogos Portugueses e ter um número de cédula profissional. Todos os membros, sem excepção, podem ser pesquisados no site da OPP e esta informação é muito importante de modo a poder comprovar as habilitações. Todavia, o curso de Psicologia não certifica o profissional de Psicologia a fazer Psicoterapia. Para que tal aconteça, o técnico terá de ter uma formação pós-graduada num determinado sistema de Psicoterapia e pertencer a uma Associação.
Em terceiro lugar, Psicólogos, Psicoterapeutas e Psiquiatras não podem agir como querem!
As relações que se estabelecem em contextos terapêuticos não são as mesmas que se estabelecem em contextos familiares, sociais, laborais, de amizade ou íntimos. Não é o objectivo do técnico fazer parte do circulo de pessoas próximas do cliente/paciente. Assim sendo, existem regras que regem a conduta do técnico, algumas delas provenientes do modelo de Psicoterapia em que são formadas e outras dos códigos de conduta profissionais. Por exemplo, existe o Código Deontológico da Ordem dos Psicólogos Portugueses, código que dita as linhas de actuação que todos os Psicólogos deverão ter, sob o risco de processos internos ou mesmo criminais. No geral, todas essas questões são abordadas na primeira sessão.
Em quarto lugar, nem todos os Psicoterapeutas usam as mesmas técnicas!
Esta questão pode parecer óbvia mas, acreditem que não é. Cada Psicoterapeuta tem o seu estilo próprio, algo que desenvolve fruto da experiência e de treino. Para além disso, modelos psicoterapêuticos diferentes têm técnicas e abordagens diferentes. Por exemplo, no modelo clássico de Psicanálise, é pedido à pessoa que se deite num divã, com o analista a ouvir, fora do ângulo de visão. Nos restantes modelos, a maioria das intervenções são realizadas frente-a-frente.
Mesmo assim, à questões que são transversais a todos os modelos. O Psicoterapeuta estabelece a relação com movimentos empáticos, faz por tornar aquele tempo e espaço único para cada um dos seus clientes/pacientes, utiliza a comunicação para chegar à pessoa, assim como um conjunto de técnicas empiricamente validadas para atingir o objectivo da mudança.
Não poderia terminar este texto sem deixar de referir um aspecto essencial. Psicoterapia não é um processo unilateral, é um processo conjunto. O terapeuta age como um guia para a viagem da mudança do cliente. Até a técnica mais eficaz não será bem sucedida se o cliente/paciente não realizar movimentos de mudança. E, a maior parte desses movimentos acontecem, fora do espaço terapêutico.